quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Santa Eulália de Mérida...ou de Barcelona?


Eulália de Mérida é uma santa que apresenta alguma controvérsia, por também se celebrar uma outra com o mesmo nome mas em Barcelona. Ambas espanholas, virgens e mártires sendo a de Mérida celebrada a 10 de Dezembro e a de Barcelona a 12 de Fevereiro. Assim, parece-nos estarmos perante uma duplicação de personagem e não de duas santas distintas. A tradição espanhola pressupõe a existência das duas, mas a grande maioria da crítica nega directamente a historicidade da santa de Barcelona.
Para Eulália de Mérida encontramos um hino no Liber Peristephanon composto em sua honra por Prudêncio, poeta romano que viveu no século IV/IV. Esta é a fonte mais antiga antiga que se conhece que cita Santa Eulália de Mérida. No século VII, e dependente deste hino surge o "Fulget hic honor sepulcri Martyris Eulaliae", em honra de santa de Barcelona atribuido a Quiríco, bispo de Barcelona. Deste mesmo periodo são as duas "Passio" cujas enormes semalhanças foram obviamente inspiradas de uma única fonte. Além do mais não é possível provar-se o a culto uma santa em Barcelona anterior à data da "inventio" das relíquias no ano de 877. É possível depreender que foi o trasladar de uma relíquia da santa emeritense para Barcelona que originou um culto local a uma santa homónima em Barcelona.
Na sua lenda Eulália tinha apenas doze anos quando colheu a palma do martírio. Filha de um senador e cristã, ao tomar conhecimento da proibição Calpurniano dos cristãos manterem o seu culto, pos-se a caminho para o interpelar. Após uma troca de injúrias e acusações a menina foi submetida a uma série de martírios: foi açoitada, as suas carnes desgarradas com ganchos de ferro, torturada no cavalo ( cruz em aspa), o seu tronco e seios foram queimados com brasas ardentes até que finalmente lhe prepararam uma fogueira para que fosse queimada viva.Quando finalmente expirou a sua alma saiu da boca em forma de pomba voando até ao céu. Nesse momento, caiu um forte nevão que protegeu o corpo da santa que foi recolhido no dia seguinte e sepultado no local do martírio.


Bernat Martorell, Martírio de Santa Eulália, cerca de 1442-1445, MNAC - Museu Nacional da Arte da Catalunha, Barcelona.

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